Professor Ulisses Antuniassi (FCA-UNESP, Botucatu/SP) comenta casos de deriva causada pelo uso incorreto de defensivos agrícolas
A 9ª Vara Federal de Porto Alegre determinou a suspensão imediata do uso de agrotóxicos numa propriedade rural localizada em Nova Santa Rita. A pulverização aérea realizada atingiu a produção orgânica de agricultores vizinhos.
A ação foi ajuizada pelo Núcleo Amigos da Terra Brasil, Instituto Preservar, Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Associação Comunitária 29 de Outubro, Associação Brasileira de Agroecologia e Associação Amigos do Meio Ambiente contra a União, o proprietário do imóvel rural, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e o Estado do RS.
Segundo eles, a aplicação do agrotóxico ocorreu em dias ventosos e não observou as normas técnicas de uso e aplicação deste produto, especialmente por meio aéreo pondo em risco à saúde e causando diversos danos no meio ambiente natural e na produção dos agricultores da região. O uso irregular atingiu produtores convencionais e orgânicos num raio de, aproximadamente, 30 km de distância.
Em entrevista ao Rural Notícias desta quarta-feira, 17, o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP), Ulisses Antuniassi, explicou que o problema em casos como este não são a aplicação em si, mas a maneira que ela é feita.
“Toda a atividade de aplicação de defensivos tem um código de boas práticas se aplicada dentro deste conceito. Existe segurança e a garantia de que eventuais riscos de deriva serão reduzidos ou eliminados. Talvez, o que falta é o entendimento das atividades que estão no entorno das áreas aplicadas e o respeito às condições meteorológicas, como a velocidade e direção do vento. São fatores que precisam ser levados em conta para uma pulverização mais segura”.
O professor explica que algumas culturas, como o arroz, a pulverização por avião é fundamental. “No caso do arroz, quase a totalidade das aplicações precisam ser feitas por avião por causa do terreno e o tipo de aplicação, o que inviabiliza a produção se não for feita desse jeito”.
“Não se pode criminalizar a aplicação de defensivos. O setor de aplicação aérea tem um programa de certificação de boas práticas e, nela, se pede seguindo a recomendação de bula. Se isso ocorrer, a aplicação será segura e vai respeitar as outras atividades no entorno”, finalizou.
Fonte: Canal Rural