Pulverização agrícola: como o diâmetro e a tela dos atomizadores influenciam o espectro de gotas
A pulverização agrícola é uma das etapas mais críticas do manejo fitossanitário.
De sua precisão depende a eficiência no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além da segurança ambiental e do retorno econômico da operação.
No entanto, dentro desse processo, há um componente que passa despercebido por muitos profissionais: o atomizador rotativo e suas variáveis construtivas.
Pesquisadores da AgroEfetiva investigaram, em um estudo apresentado no Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (2025), como o diâmetro e a tela dos atomizadores afetam o espectro de gotas, endo um fator determinante para o sucesso da pulverização agrícola.
Os resultados oferecem dados valiosos para o ajuste fino de equipamentos e para a tomada de decisão de quem busca mais eficiência no campo e você pode conferir mais detalhes neste artigo da AgroEfetiva.
Por que o espectro de gotas é tão importante na pulverização agrícola
Em qualquer pulverização agrícola, as gotas precisam atingir o alvo na dose certa e com o tamanho adequado. Gotas muito finas proporcionam melhor cobertura, mas aumentam o risco de deriva. Já gotas mais grossas reduzem perdas, porém podem comprometer a penetração no dossel e o controle de alvos de difícil acesso.
O espectro de gotas, medido por parâmetros como DMV (Diâmetro Mediano Volumétrico) e V100 (percentual de gotas menores que 100 µm), permite avaliar esse equilíbrio. Ajustar o espectro é essencial para maximizar a eficiência da pulverização agrícola e reduzir impactos ambientais.
Como o estudo foi conduzido
O experimento mencionado foi realizado no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da AgroEfetiva, em Botucatu (SP), utilizando um túnel de vento de alta velocidade (TVAV), capaz de gerar ventos de até 300 km/h.
O espectro de gotas foi medido com um sistema de difração a laser Sympatec HELOS, que analisou partículas entre 0,5 µm e 1750 µm.
Foram testadas quatro combinações de atomizadores rotativos:
- 80 mm – 14 mesh (com defletor)
- 80 mm – 20 mesh (com defletor)
- 100 mm – 14 mesh (sem defletor)
- 100 mm – 20 mesh (sem defletor)
A velocidade do vento foi mantida constante em 180 km/h, simulando a condição de voo de uma aeronave agrícola Ipanema, típica da pulverização aérea.
Para cada tratamento, foram realizadas cinco repetições, e os resultados foram comparados com intervalo de confiança de 95%.
Principais resultados do estudo
1. Influência da tela
Nos atomizadores de 80 mm com defletor, a mudança de 14 mesh para 20 mesh reduziu o DMV em 4,77 µm e aumentou o V100 em 1,7%, indicando a formação de gotas mais finas.
Já nos atomizadores de 100 mm sem defletor, o efeito foi inverso: ao mudar de 14 para 20 mesh, o DMV aumentou 5,76 µm, e o V100 caiu 2,66%.
Isso mostra que o comportamento da tela depende do diâmetro do atomizador e da presença do defletor, um insight importante para calibragens de pulverização agrícola.
2. Influência do diâmetro
Comparando atomizadores de 80 mm e 100 mm, observou-se uma redução de cerca de 30% no DMV nas telas menores, o que significa formação de gotas mais finas.
Em termos práticos, atomizadores menores tendem a gerar maior fragmentação da calda e, portanto, maior risco de deriva, mas também melhor cobertura do alvo.
3. Interação entre diâmetro e rotação
Mesmo com rotação constante, o atomizador maior (100 mm) apresenta maior velocidade tangencial nas extremidades, o que tende a quebrar mais a calda e reduzir o tamanho das gotas.
Essa dinâmica é comparável a um pivô de irrigação: quanto maior o raio, maior o deslocamento da extremidade em cada volta. Esse efeito ajuda a explicar parte das variações observadas no espectro de gotas.
4. Papel do defletor
O defletor, posicionado na base da tela, altera o impacto do vento sobre as gotas e, portanto, influencia o espectro de gotas.
Embora o estudo não tenha isolado completamente esse fator, os autores destacam que a presença ou ausência do defletor pode explicar comportamentos distintos entre os atomizadores testados.
Essa variável é especialmente relevante em projetos de aviação agrícola e pulverização agrícola de precisão, em que ajustes mínimos podem gerar grandes diferenças de desempenho.
O que os resultados indicam para a prática no campo
Os resultados reforçam que a pulverização agrícola deve considerar não apenas o tipo de bico ou produto, mas também as características físicas do atomizador rotativo.
Em resumo:
- Telas de malha mais fina (20 mesh) tendem a formar gotas menores, mas exigem atenção ao risco de deriva.
- Atomizadores de menor diâmetro favorecem cobertura e penetração, mas podem reduzir a estabilidade do padrão de deposição.
- A presença de defletor pode compensar parte dessas variações, estabilizando o espectro e garantindo maior uniformidade.
Para o operador, isso significa que calibrar a pulverização agrícola é muito mais do que ajustar pressão e volume, é compreender como o equipamento transforma a calda em gotas e como cada parâmetro interfere no resultado final.
Avanços da pesquisa em tecnologia de aplicação
Os achados de João Paulo de Amorim Oliveira e equipe da AgroEfetiva reforçam a importância da pesquisa aplicada para a evolução da pulverização agrícola.
Ensaios como este, realizados em condições controladas, ajudam a traduzir fenômenos físicos em parâmetros práticos de campo, como vazão, altura de voo e rotação de atomizadores.
O domínio sobre o espectro de gotas é o próximo passo da agricultura de precisão no manejo de defensivos.
À medida que sensores, softwares e inteligência artificial forem integrados à pulverização agrícola, será possível ajustar em tempo real variáveis como vento, temperatura, diâmetro de atomizador e tipo de tela, maximizando a eficiência agronômica e ambiental.
Conclusão
A pesquisa conduzida pela AgroEfetiva confirma que o diâmetro e a tela dos atomizadores influenciam significativamente o espectro de gotas, modificando o equilíbrio entre cobertura, penetração e risco de deriva.
A pulverização agrícola eficiente depende do entendimento e da calibração precisa dessas variáveis, permitindo ao produtor aplicar defensivos com mais segurança, sustentabilidade e retorno econômico.
A AgroEfetiva segue ampliando seu portfólio de estudos voltados à tecnologia de aplicação agrícola, fornecendo conhecimento técnico de alto nível para que o campo brasileiro continue evoluindo com base em ciência.
Baixe o artigo completo!
Para mais detalhes, baixe o artigo completo:


